O SÉCULO XX
Na primeira década do século XX assiste-se à
decadência do "brasileiro" com a inesperada perda de valores no
mercado da borracha brasileira, provocada pela concorrência das colónias
inglesas asiáticas.
Ao mesmo tempo, a nossa participação na Primeira
Guerra Mundial (assinalada com um monumento na Praça 25 de Abril), contribui
negativamente para a economia local.
Por sua vez, a depressão económica mundial de 1929,
conduzindo à falência dos Bancos e outras instituições financeiras, provocou
dificuldades irreparáveis, não só nos capitalistas locais, todos
"Brasileiros" ou seus descendentes, mas também no fluxo dos proventos
dos que viviam no Brasil.
Posteriormente, durante o Estado Novo e logo após o
fim da Segunda Guerra Mundial, verifica-se um surto de emigração para a Europa
com evidentes reflexos nas iniciativas de investimentos na construção civil.
A guerra colonial vai incrementar a "emigração
a salto" para a Europa, assistindo-se, simultaneamente, à decadência
agrícola e industrial.
Porém, nessa altura, na década de sessenta, a
cidade começa a dar novamente sinais de actividade com obras públicas da
iniciativa do Estado Novo. É o caso da construção do Tribunal, a remodelação
dos Paços do Concelho (alterando-lhe profundamente a fachada), a construção do
edifício dos Correios e algumas casas dispersas que utilizam uma linguagem
arquitectónica de alguma sobriedade típica do modernismo português.
Nos finais da década de setenta, assiste-se à
construção de imóveis no tecido urbano pré-existente, alterando
significativamente a imagem da cidade, devida ao afluxo das divisas entradas em
Portugal por intermédio das emigrantes na Europa.
Posteriormente, a abertura das Avenidas das Forças
Armadas e Avenidas do Brasil, a construção dos Parques Porto Seguro, em são
Gemil e da Cidade, em Sá, definiram novos espaços estruturantes da cidade.
Hoje, o antigo centro cívico apresenta-se
reformulado, mostrando, no mobiliário urbano, antigos referentes simbólicos,
particularmente na Praça 25 de Abril e ruas adjacentes.
É o início de uma viagem que pode conter uma outra
atitude face ao passado…
Este texto teve como base a seguinte bibliografia
do autor:
MONTEIRO, Miguel, “Cultos e Ocultos de Monte
Longo”, separata - Minia, Braga, 1995, PP.103-135.
MONTEIRO, Miguel, Fafe dos
"brasileiros" (1861)-1930) - Perspectivas histórica e patrimonial,
Fafe, ed. de autor, 1991
MONTEIRO, Miguel Teixeira Alves, Migrantes,
Emigrantes e “Brasileiros” (1834-1926)- territórios, itinerários e
trajectórias, Braga, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho,
1996.
MONTEIRO, Miguel, “O Jogo-do-pau como representação de estatuto e hierarquia
social”, Mínia, Braga, 1997
MONTEIRO, Miguel, “Marcas da Arquitectura de
Brasileiro na Paisagem do Minho,” O Brasileiro de Torna Viagem, CNCDP -
Portugal, Comissão Nacional para as comemorações dos Descobrimentos
Portugueses, Lisboa, 2000
MONTEIRO, Miguel,, “O Público e o Privado”,
O Brasileiro de Torna Viagem, Lisboa, CNCDP – Portugal, Comissão Nacional
para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, 2000
MONTEIRO, Miguel, Migrantes, Emigrantes e
“Brasileiros” (1834-1926), Fafe, Ed. autor, 2000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário