Total de visualizações de página

sábado, 29 de julho de 2017

. . . A FESTA E A MESA . . .


Neste local do Minho Interior, onde termina o Litoral e começam as terras do Marão e do Barroso, as festas têm as cores alegres do Minho e a mesa espelha o povo que as faz.
A castanha desapareceu das mesas, mas ficaram os gestos festivos da matança do anho para as festas da Senhora de Antime, realizada no 2º Domingo de Julho, e do cabrito nos tempos Pascais. Para as Feiras Francas de 16 Maio, a vitela assada oferece o seu especial paladar e o vinho verde, sempre presente, ritualiza cada um dos momentos com a dignidade de uma dádiva divina.
Em todas elas, as cavacas e o pão-de-ló dão o colorido doce e festivo às mesas largas, nestes momentos que marcam o tempo e repetem ciclos próprios de sociedades «primitivas».
Mas, de entre todas as festas locais, a da Senhora de Antime é a que possui a magia maior.
As mais antigas referências escritas sobre as festividades da Senhora de Antime aparecem nos finais do séc. XIX. Hoje, esta festividade corresponde também às Festas do Concelho que, com a Feira Franca em 16 de Maio, constituem ainda as manifestações populares mais significativas do concelho.
O momento mais significativo das festividades da Senhora de Antime é a procissão. Esta, saíndo de Antime em direcção a Fafe, é recebida pela da Nossa Senhora das Dores nos limites das duas freguesias, dirigindo-se as duas procissões, aí transformadas numa só, para a igreja Nova de São José ou da Misericórdia.
Recordamos a descrição feita por Pinho Leal na Corografia Portuguesa, de 1880, onde nos é relatada a mais bela romaria de Fafe.
"Grande romaria a Nossa Senhora d'Antime ou Senhora da Misericórdia, ou do Sol. A imagem é de pedra, e com a charola pésa 24 arrobas!
Outros dizem que a senhora pésa 8 arrobas, e o andor, que também é de pedra (!) outras oito. Levam-na na procissão os maiores valentões da freguezia.

A imagem da Senhora é de granito metamorphica, com braços postiços e sem pernas nem pés, nem feitio algum de gente, além da cara. São 8 rapagões que levam a charola e a senhora, mas vão outros oito para os revezar. Apesar da sua valentia, por varias vezes teem alguns ficado esmagados debaixo da imagem; mas, mesmo assim, ha grandes empenhos para levarem a charola, porque teem fé de serem bem succedidos, nos seus casamentos, se tiverem sido conductores da santa.»

Nenhum comentário:

Postar um comentário