Total de visualizações de página

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

ENDOGAMIA

 

Endogamia é o regime segundo o qual o indivíduo se casa exclusivamente com membros de sua própria tribo ou classe, para conservação de raça ou nobreza e que implica um sistema de castas. O termo é usado, também, para classificar a tendência na escolha do cônjuge entre componentes do mesmo grupo social, religioso ou geográfico que constitui um isolado, em geral de tamanho limitado. O regime ou tendência opostos constituem a exogamia. Casamentos mistos são os que se realizam entre pessoas de diferentes nacionalidades, raças, religiões etc. Quando os cônjuges possuem características sociais, físicas ou mentais comuns, dá-se a homogamia e, no caso contrário, a heterogamia.

         Cito o texto de Manolo Florentino e de Cacilda Machado, da Universidade Federal do Rio de Janeiro:

         " Em função da longevidade e de sua importância em termos quantitativos, desde há muito a historiografia acentua que a exogamia matrimonial dos lusitanos no Brasil foi fundamental para desencadear o fenómeno da miscigenação entre nós. Tais afirmações recentemente foram reforçadas pelos resultados de um estudo genético com o DNA de brasileiros brancos, o qual revelou que a grande maioria das linhagens paternas dessa população veio da Europa, mais especificamente de Portugal. Já no início do século XIX, o imigrante português transitava por entre as mulheres lusitanas e brasileiras, por entre as livres e alforriadas, e por entre as brancas, pardas e negras, mas de modo mais regrado do que comumente se imagina. O facto de, ao desembarcar no Brasil, defrontar-se com uma base populacional maior e mais plenamente assentada do que em épocas anteriores permitia-lhe por em prática critérios de selectividade que exploram o limite da disponibilidade matrimonial feminina - buscava portuguesas até onde estas lhe fossem disponíveis, partia para as brasileiras brancas descendentes de imigrantes lusos recentes, e, por fim, para as brasileiras brancas de longínqua ascendência lusitana.

Não se furtava a relacionar-se com mulheres de cor, com escravas e forras. Com algumas delas casava-se, com outras simplesmente se juntava. É lógico supor, além disso, que a abertura marital do homem português o tornava pai dos filhos de algumas mulheres alforriadas que compareciam à igreja sem cônjuge decarado. Em qualquer circunstância se tratava de um encontro único este entre a manumissa e o português forçado a abrir-se em função da exiguidade de parceiras ao seu gosto. Tratava-se da mestiçagem em sua expressão mais contundente, pois, prisioneira de suas próprias idiossincrasias. "

De facto a afirmação dos autores acima mencionados é totalmente verdadeira. Estive a analisar uma longa linhagem de ancestrais picarotos e escolhi, por acaso, um casal de antepassados que durante séculos gerou uma imensa descendência. Dentre eles muitos permaneceram na Ilha do Pico, vários imigraram para o Brasil e outros para os EUA.

No caso daqueles que partiram para os Estados Unidos noto que nas duas primeiras gerações mantiveram-se dentro da colónia açoriana onde se estabeleceram . Como no século XIX ainda era proibido os casamentos interraciais a maioria dos filhos e netos dos imigrantes picoenses nascidos na América casaram-se com cidadãos americanos de origem europeia ainda que não fossem de ascendência portuguesa ou , mais precisamente açoriana. A realidade brasileira manteve o padrão de endogamia marital.

Vejamos o exemplo concreto ;

Ascenso Gomes e Bárbara Cardoso eram naturais de São Roque do Pico onde casaram em meados do século XVI .

Sua filha Violante Gomes casou-se com António Rodrigues e tiveram um filho;

Fernão Rodrigues casado com Maria da Fonte em São Roque do Pico, no dia 31 de Setembro de 1624. Um dos filhos foi;

António Rodrigues Vicente que casou em 1657 com Maria Luís. Dentre os filhos do casal temos;

Bartolomeu Luís, casado com Ana Rodrigues, na vila da Madalena, pais de ;

Fernando Rodrigues, marido de Domingas Rodrigues e pais de ;

Manuel Rodrigues Costa casado no dia 14 de Janeiro de 1726, na Madalena, com Maria Gonçalves. Tiveram;

Maria Jacinta Clara , casada com António Jorge Alvernaz, também na Madalena, no dia 27 de Novembro de 1745. Pais de;

Francisco Jorge Segundo ( tiveram dois filhos com o mesmo nome) , casado com Maria Faria, no dia 5 de Novembro de 1786.

Um dos filhos de Francisco e Maria, o José da Rosa da Silveira, nascido na Madalena imigrou para o Brasil e casou-se, no Rio de Janeiro, com Amélia Clara Lopes.

A Amélia era brasileira, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 25 de Abril de 1864. Seu pai, António Lopes era natural da freguesia de Fonte Arcada, no Porto, filho de António Lopes e Emília Moreira. A sua mãe, Elisa Clara era natural de Biscoitos, na ilha do Pico, filha de Francisco da Rosa e de Maria de Jesus.

Calculo que o José da Rosa Silveira fosse sobrinho ou primo do seu sogro Francisco da Rosa.

Francisco da Rosa era comerciante no Brasil e era prática comum convidar um parente próximo para casar com uma filha e manter o negócio na família.

José da Rosa da Silveira e Amélia Clara tiveram apenas seis filhos :

Paulina Lopes, nascida no dia 9 de Setembro de 1873.

Amélia Lopes, sem filhos.

Margarida da Silveira, de 1891.

Albino da Rosa da Silveira, nascido no dia 5 de Fevereiro de 1888 que casou com Amélia Luísa de Faria no dia 14 de Setembro de 1907. Amélia Luísa era brasileira, filha de pais portugueses, José Luís de Faria Filho e Maria Luísa de Faria.

Júlia Clara Lopes que casou-se no Rio de Janeiro no dia 25 de Agosto de 1898 , aos 27 anos com Manuel Meleiro Domingues, imigrante espanhol de 32 anos, filho de Marcos Meleiro e Isabel Domingues ( ambos galegos ) e por fim;

João Rosa da Silveira ( 1897 / 23 de Janeiro de 1964 ) que morreu solteiro e sem filhos. Quando o João Rosa nasceu o pai era já falecido e a Amélia Clara não voltou a casar-se.

Viviam,segundo os documentos na Rua do Rezende, número 109.

Possivelmente temos primos por lá...

 Na imagem ( foto minha ) vestido de noiva minhota do início do século XX, no Museu do Traje de Viana do Castelo.

 

 


 

Fonte: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=pfbid02RtggougZJUXFkcrkeeo7B5u5FwtNB5CLnCAc7dfZqHYmmzi3ScgrQqhpDs2HYKarl&id=100063523690575&sfnsn=wiwspwa&mibextid=2JQ9oc

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário