CONSELHEIRO LAFAIETE MINAS GERAIS - MG
HISTÓRICO
Os primitivos
habitantes da região foram os índios "CARIJÓS". Seus aldeamentos
localizavam-se na parte alta da cidade, no local onde se ergue hoje a Igreja
Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
Embora tivessem sido perseguidos pelo branco
na baixada do Rio de Janeiro de onde vieram os índios "Carijós" não
se mostraram hostis ao colonizador e desbravador da região, Tanto assim que
cooperaram na construção da igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição.
O elemento
indígena colaborou de modo quase nulo no desbravamento e colonização da região.
Somente na construção da igreja matriz e de alguns prédios ajudaram os índios
com o serviço braçal. Nesse município apenas o distrito de Itaverava herdou seu
nome da língua indígena, ou seja, do tupi-guarani. Os desbravadores e
colonizadores da região foram elementos portugueses e paulistas que, depois de
várias tentativas infrutíferas, conseguiram penetrar nos sertões de Minas
Gerais à procura de ouro e pedras preciosas.
Pertenciam à bandeira de D. Rodrigo que se
havia amotinado contra seu comandante supremo, dada sua nacionalidade
estrangeira. Localizavam-se ao pé da serra de Ouro Branco na região das
Congonhas, que acharam muito aprazível, isto pelo ano de 1681. Estes
desbravadores entraram em contacto com os índios" Carijós", que anos
antes fugiram da baixada do Rio de Janeiro e penetraram no interior, subindo
pelo vale do Paraibuna e estabelecendo-se para dentro da Borda do Campo, numa
região verdadeiramente estratégica: - nos altos de um contraforte da
Mantiqueira, de onde, com a facilidade, poderiam espraiar-se ou pelo vale do
Rio Doce, ou descer para o Paraobeba, ou mesmo tomar a direção do Rio Grande.
A tal
acampamento de índios, assombrados com os horrores dos brancos do litoral,
deram o nome de Campo Alegre dos Carijós.
A expedição de 1683, chefiada por Garcia
Rodrigues, já com prática do sertão, porque, como genro de Fernão Dias, o
acompanhara na sua famosa caça às esmeraldas, fracassou lamentavelmente,
talvez, por ter-se intrometido muito pelo norte, beirando o Guaicuí, e deixando
à sua direita e esquerda os veios auríferos.
Incontestável,
entretanto, é que, daí por diante, entre os paulistas, principalmente entre os
taubateanos, se arraigou a convicção da existência do ouro nos sertões dos
cataguás. Parece que o encontro das primeiras pepitas auríferas se verificou no
Tripuí, próximo do Campo Alegre dos Carijós.
Urna dessas expedições chegadas à região em
busca de ouro do Tripuí, foi a de José Gomes de Oliveira, ajudado por Vicente
Lopes, o qual, da Itaverava por diante, perdeu o rumo do Itacolomi tão próximo
e acabou mandando pedir socorro a Taubaté.
Em seu auxílio
partiu Antônio Rodrigues Arzão. Chegando, porém, a Itaverava tomou também
caminhos errados, descendo o Piranga e indo dar ao rio Casca (1692) dali
descendo o vale do Rio Doce até a vila do Espírito Santos, com resultados de
algumas pintas de ouro que colhera ao pé da Pedra Menina. Antes de morrer, em São
Paulo, logo depois de sua chegada, ainda teve tempo de confiar ao seu cunhado
Bartolomeu Bueno de Siqueira, o segredo da descoberta das pintas de ouro que
trouxera do Tripuí. Bartolomeu Bueno de Siqueira rumou para Taubaté, e, com o
auxílio de amigos, parentes de Miguel Garcia de Almeida Cunha, subiu em 1694,
para Itavera, onde a bandeira se deteve e lançou plantações, para mais
tranquilamente explorar e observar as redondezas, em busca do Itacolomi.
Essa bandeira constituí o ponto de partida
oficial da descoberta do ouro nas "gerais" e trouxe como consequência
o povoamento intenso da região.
Esse primeiro
ouro, regularmente manifestado, foi extraído dentro do território de
Conselheiro Lafaiete.
As minas
gerais do Cataguás, com o tempo, perderam o nome tão característico dos índios
que habitavam a região e ficaram na história conhecidas apenas como as
"Minas Gerais" capitania, província, e hoje Estado.
O nome dos
primeiros habitantes desta região onde foi manifestado o primeiro ouro, ficou
todavia gravado no modestíssimo arraial Catauá, perdido entre Lagoa Dourada e
João Ribeiro (hoje Entre Rios de Minas), e que pertenceu outrora ao município
de Conselheiro Lafaiete. Foi Também o nome da histórica Fazenda Engenho Velho
dos Cataguá, que até 1939 pertencia ao município de Conselheiro Lafaiete e
então passou para o de Lagoa Dourada.
A aldeia do Campo Alegre dos Carijós,
localizada justamente no ponto de intercessão do país dos Cataguás e das
Congonhas, constitui durante alguns anos, na fase estrepitosa e turbulenta que
se segui à notícia exata dos primeiros descobertos, a entrada obrigatória para
quem demandava Itaverava — meta dos bandeirantes que se seguiram a Bartolomeu
Bueno e Miguel Garcia. Daí a razão do seu povoamento, importância e
desenvolvimento, antes mesmo da Vila Rica, Mariana, Caeté, Pitangui e outros
povoados que foram abertos com o trabalho das minas. O antigo aldeamento de
índios Carijós, rapidamente se transformou num arraial de aventureiros de toda
casta, predominante paulistas, que foram os pioneiros das descobertas.
As ondas bandeirantes eram atraídas pelas
miragens, ou de Gualacha, ou do Ouro Prêto, ou do Tripuí, ou do Pitangui, de
modo que, chegando ao Campo Alegre dos Carijós, e conferindo as notícias e rumos,
tratavam logo de, rumar através da Itaverava, para o norte e o leste ou para o
poente, atrás de veios e filões cada vez mais distantes, deixando, porém, de
examinar, com atenção as redondezas do arraial. Os vales que escorrem da Serra
de Ouro Branco e da Caixeta e descem pela região das Congonhas, passando rente
aos limites do Campo Alegre dos Carijós, eram pisados constantemente pelos
desbravadores que nenhuma importância deram, no começo, aos cascalhos e às
areias dos córregos da Varginha, Ouro Branco, Soledade, Gagé e Maranhão,
afluentes e subafluentes do Paraopeba, e onde, no meado do século XVIII, foram
exploradas e extraídas quantidades formidáveis do precioso metal.
Quando tal
ocorreu, os paulistas logo se apossaram das terras, e daí datam as primeiras
concessões de terrenos aos mineradores Jeronimo Pimentel Salgado e Amaro
Ribeiro.
O progresso e o povoamento da nova capitania
que acabou desmembrada da de São Paulo, tal a importância das minerações para o
erário lusitano, acarretou inevitavelmente para o poder público a necessidade
de pôr em vigor leis e justiças regulares e criar zonas de administração local.
O novo território foi então dividido e retalhado em comarcas e vilas.
Assim foram
surgindo as vilas e comarcas de Mariana, Vila Rica, São José do Rio das Mortes
e outras.
Por volta de 1790, quando o ouro diminuía em
outras regiões da capitania e quando os quintos já viviam em sensível atraso,
com ameaças de derrama e outras medidas fiscais draconeanas, estava em pleno florescimento
o trabalho das explorações.
Surgiu aí o fato curioso, que deu origem à
criação da Vila, isto é, à autonomia administrativa deste recanto mineiro.
Justamente no arraial do Campo Alegre dos
Carijós, e circunvizinhanças se entrecortavam os liinites ao princípio das
vilas e comarcas do Ribeirão do Carmo, Vila Rica e São José do Río das Mortes.
E disso resultavam não raro e repetidos incômodos, com graves transtornos para
os particulares e para o poder público. Conflitos de jurisdição. Confusões
judiciárias. Evasões contínuas de impostos. Impunidades constantes dos crimes,
cujos autores saltavam propositadamente da alça de um juiz para outro.
O Governador
Visconde de Barbacena atendendo a tão lamentável estado de coisas, que lhe foi bem
exposto em súplicas verbais e escritas, submeteu as representações dos bons
moradores do Campo alegre ao Conselho Ultramarinho e, por ato regular, à Rainha
Dona Maria, foi servida de deferir, as duas sugestões, mandando criar a Real
Vila de Queluz, o nome escolhido pelo fato de ter sido assinado o documento
quando se achava a Rainha enferma, e no Palácio de Queluz.
Sucessivos
desmembramentos e retaliações, com o correr dos anos, durante monarquia e a
república, a bem do interesse público e acompanhado o desenvolvimento de outras
localidades, reduziram muito a área do município.
Ainda assim, conserva, dentro das suas atuais
lides, os marcos mais interessantes da história das minas gerais dos cataguás:
- das Taipas à Itaverava, das margens do Piranga às do Paraopeba, o município
encerra ainda o trecho do território mineiro onde se verificaram as mais
palpitantes cenas de grande epopéia das descobertas do ouro, e onde a
tenacidade indomável do paulista encontrou e documentou, por forma que a história
conserva, o primeiro ouro das minas.
Em 1886,
Queluz passou a ter foros de cidade, pela Lei provincial n°1276.
Pelo
Decreto-lei n° 11274, de 27 de março de 1934, passou o município de Queluz a
denominar-se Conselheiro Lafaiete, em homenagem á memória do grande
jurisconsulto, político e homem de Estado, Conselheiro Lafaiete Rodrigues
Pereira, que nasceu no município.
Desde que, no passado, a Estrada dc Ferro
Central do Brasil alcançou a cidade de Queluz, a estação dessa via férrea foi
denominada Lafaiete, já em homenagem aquele eminente filho do município.
Dada essa circunstância e porque a estação
está localizada na parte baixa da cidade, que é muito acidentada, o povo passou
a denomina-la Lafaiete, e à parte alta, Queluz.
Pelo fato de existir a cidade de Queluz também
em São Paulo, havia confusão nas correspondências. Essa circunstância atuou
também para a mudança do nome de Queluz para Conselheiro Lafaiete.
A cidade tem
no passado história relevante, sendo notável a página de heroísmo que assinala
na Revolução Liberal de 1842.
A cidade
destacou-se então como baluarte liberal, sofrendo as tropas legalistas, em
Queluz, uma grande derrota.
Na era
republicana destacou-se Conselheiro Lafaiete (então ainda Queluz) na memorável
campanha civilista de Ruy Barbosa, em 1910.
GENTÍLICO:
LAFAIETENSE
FORMAÇÃO
ADMINISTRATIVA
Distrito criado com a denominação de Queluz,
por ordem régia ou alvará de 1752, e lei estadual n° 14-09-1891.
Elevado
à categoria de vila com a denominação de Queluz, em 19-09-1790 ou alvará de
1791, desmembrado de São João Del Rei (Mais Tarde Tiradentes).
Pela lei provincial n° 184, de 03-04-1840, e
lei estadual n° 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Catas Altas da Noruega
e anexado a vila de Queluz.
Pela lei provincial n° 767, de 02-05-1856, e
lei estadual n° 2. de 14-09-1891, é criado o distrito de Capela Nova das Dores
e anexado a vila de Queluz.
Pela lei provincial n° 907, de 08-06-1858, e
lei estadual n° 2, de 14-09-1891. é criado o distrito de Santo Amaro e anexado
ao município a vila de Queluz
Pela
lei provincial n° 1048, de 06-07-1859, e lei estadual n° 2, de 14-09-1891, é
criado o distrito de Lamim e anexado a vila de Queluz.
Pela lei provincial n° 2085, de 24-12-1874, e
lei estadual n° 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Santana do Morro do
Chapéu e anexado a vila de Queluz.
Elevado à condição de cidade com a denominação
de Queluz, pela lei municipal 1276, de 02-01-1866.
Pela lei provincial n° 2848, de 25-10-1881, e
lei estadual n° 2, de 14-09-1891, é criado o distrito de Carrapicho e anexado
ao município de Queluz.
Pela
lei provincial n° 2944, de 23-09-1882, e lei estadual n' 2, dc 14-09-1891, é
criado o distrito de Glória e anexado ao município de Queluz.
Pela lei estadual n° 2, de 14-09-1891, é
criado o distrito de São Caetano do Paraopeba e anexado ao município de Queluz.
Pela lei estadual n° 556, de 30-08-1911, é
criado o distrito de Cristiano Otoni e anexado ao município.
Em divisão administrativa referente ao ano de
1911, o município aparece constituído 12 distritos: Queluz, Carrapicho, Catas
Altas da Noruega, Capela Nova das Dores, Cristiano Otoni, Glória, Itaverava,
Lamim, Morro do Chapéu, Redondo, Santo Amaro e São Caetano do Paraopeba.
Pela lei estadual n° 723, de 30-09-1918, o
distrito de Glória tomou o nome de Caranaíba e o distrito de Redondo passou a
chamar-se Alto Maranhão.
Nos quadros de apuração do recenseamento
geral de 1-IX-1920, o município aparece constituído de 13 distritos: Queluz,
Alto Maranhão (ex-Redondo), Capela Nova das Dores,
Caranaíba
(ex-Glória), Catas Altas da Noruega, Cristiano Otoni, Itaverava, Lamim, Santana
do Morro do Chapéu (ex-Morro do Chapéu), Santo Amaro, São Caetano do Paraveba,
São João de Carrapicho (ex-Carrapicho),
Pela lei
estadual n° 823, de -07-09-1923, o município de Queluz sofreu as seguintes
modifiações: desmembra do município de Queluz os distritos de Capela Nova das
Dores e Caranaíba, para formar o novo município de Carandaí. E ainda pela mesma
lei é extinto o distrito de São João do Carrapicho, sendo seu território anexado
ao distrito de Itaverava do município de Queluz E os distritoS de São Caetano
do Paraopeba tomou o nome de Casa Grande e Santana do Morro do Chapéu passou a
chamar-se Morro do Chapéu e ainda adquiriu do município de Ouro Preto o
distrito de Congonhas do Campo.
Em divisão
administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 10
distritos: Queluz, Alto Maranhão, Casa Grande (ex-São Caetano do Paraopeba),
Catas Altas da Noruega, Congonhas do Campo, Cristiano Otoni, Itaverava, Lamin,
Morro do Chapéu (ex-Santana do Morro do Chapéu) e Santo Amaro.
Pelo decreto-lei estadual n° 11274, de
27-03-1934, o município de Queluz tomou o nome de Conselheiro Lafaiete. Em
divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31 X11-1937, o município é
constituído de 10 distritos: Conselheiro Lafaiete (ex-Queluz), Alto Maranhão,
Casa Grande (ex-São Caetano do Paraopeba), Catas Altas da Noruega, Congonhas do
Campo, Cristiano Otoni, Itaverava, Lamin, Morro do Chapéu e Santo Amaro.
Pelo
decreto-lei estadual n° 148, de 17-12-1938, o município sofreu as seguintes
modificações:. desmembra do município de Conselheiro Lafaiete o distrito de
Congonhas do Campo. Elevado à categoria de município. E ainda os distritos de
Lamim foi transferido do município de Conselheiro Lafaiete para o novo
município de Rio Espera e Casa Grande para o município de Lagoa Dourada.
No
quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído
de 6 distritos: Conselheiro Lafaiete, Alto Maranhão, Catas Altas da Noruega,
Cristiano Otoni, Itaverava, o Morro do Chapéu e Santo Amaro.
Pelo decreto-lei estadual n° 1058, de
31-12-1943, o distrito de Alto Maranhão foi transferido do município de
Conselheiro Lafaiete para o novo município de Congonhas do Campo e os distritos
de Alto Maranhão tomou o nome de Catauá e Santo Amaro a chamar-se Queluzito.
No
quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído
de 6 distritos: Conselheiro Lafaiete, Catas Altas da Noruega, Catauá (ex-Alto
Maranhão), Cristiano Otoni, Itaverava, Queluzito (ex-Santo Amaro).
Pela lei estadual n° 336, de 27-12-1948, o
distrito de Catauá teve sua denominação alterada para Santana dos Montes e o
distrito de Queluzito teve sua grafia alterada para Quelizita
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o
município é constituído de 6 distritos: Conselheiro Lafaiete, Catas Altas da
Noruega, Cristiano Otoni, Itaverava, Queluzita (ex-Queluzito) Santana dos
Montes (ex-Catauá).
Pela
lei estadual n° 1039, de 12-12-1953, são criados os distritos de Buarque de
Macedo e Joselândia e anexados ao município de Conselheiro Lafaiete.
Em
divisão territorial datada de 1-VII-1955, o município é constituído de 8
distritos: Conselheiro Lafaiete, Buarque de Macedo, Catas Altas da Noruega,
Cristiano Otoni, Itaverava, Joselândia, Queluzita e Santana dos Montes.
Assim
permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960.
Pela lei estadual n° 2764, de 30-12-1962,
desmembra do município de Conselheiro Lafaiete os distritos de Catas da
Noruega, Cristiano Otoni, Itaverava, Queluzita, todos elevados á categoria de
município. E ainda pela mesma lei desmembram do município de Conselheiro
Lafaiete os distritos de Santana dos Montes e Joselândia, para constituir o
novo município de Santana dos Montes.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963,
o município é constituído de 2 distritos: Conselheiro Lafaiete e Buarque de
Macedo.
Assim
permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
ALTERAÇÃO
TOPONÍMICA MUNICIPAL
Queluz para conselheiro Lafaiete, alterado
pelo decreto-lei estadual n° 11274, de 27-03-1934.
FONTE: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
- Volume XXIV ano 1958.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAmigo Geraldo: PARABÉNS! Você é um FAISCADOR ADMIRÁVEL! Quanto aprendi com sua leitira!!! Grande abraço.
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