A 5 de Dezembro de 1496 D. Manuel I assinava o Édito de Expulsão de judeus e mouros.
Iniciava-se nova diáspora Judaica, tendo alguns rumado para o norte da Europa, onde fundaram comunidades nos Países Baixos e Alemanha. Outros dirigiram-se para o sul da França (Bordéus, Biarritz, Tartas etc.), e até mesmo para a Inglaterra. Alguns Judeus preferiram regressar ao Oriente Médio, tendo sido bem recebidos pelos otomanos.
Interessado em casar com D. Isabel, filha dos Reis Católicos, D. Manuel cedeu à condição imposta para o conseguir: casamento, sim, mas apenas em troca da expulsão de todos os judeus de Portugal.
O Édito de Expulsão foi, assim, um duro golpe no judaísmo ibérico e o culminar do caminho iniciado, em Espanha, pelos Reis Católicos com o Decreto de Expulsão de 1492.
Porém, ao contrário destes, D. Manuel não deixou sair os judeus de Portugal.
A sua decisão foi outra: mantê-los no reino e aos seus bens, não como judeus, mas sim como cristãos. Tal veio a acontecer uns meses depois através do baptismo forçado.
"A Expulsão dos Judeus", por Roque Gameiro (Quadros da História de Portugal, 1917).
Em 5 de Dezembro de 1496, Dom Manuel assinou o decreto de expulsão dos hereges, concedendo-lhes prazo até 31 de Outubro de 1497 para que deixassem o país. Aos judeus, o rei permitiu que optassem pela conversão ou desterro, esperando assim que muitos se baptizassem, ainda que apenas pro forma. Os judeus, no entanto, não se deixaram convencer e a maioria optou por abandonar o país. O rei, ao ver cair por terra a sua estratégia, mandou fechar todos os portos de Portugal — menos o porto de Lisboa — para impedir a fuga.
Foi então no porto de Lisboa que se concentraram cerca de 20 mil judeus, esperando transporte para abandonar o território português.
Em abril de 1497, o rei mandou sequestrar as crianças judias menores de 14 anos, para serem criadas por famílias cristãs, o que foi feito com grande violência. Em outubro de 1497, os que ainda resistiram à conversão foram arrastados à pia baptismal pelo povo incitado por clérigos fanáticos e com a complacência das forças da ordem.
Foi desses baptismos em massa e à força que surgiram os marranos, ou criptojudeus, que praticavam o judaísmo em segredo embora publicamente professassem a fé católica.
Os "cristãos novos" nunca foram realmente bem aceites pela população "cristã velha", que desconfiava da sinceridade da fé dos conversos. Essa desconfiança evoluiu para a violência explícita em 1506, quando ocorreu o pogrom de Lisboa.
A peste grassava na cidade desde janeiro, fazendo dezenas de vítimas por dia. Em abril, mais uma vez insuflados por clérigos fanáticos, que culpavam os "cristãos novos" pela calamidade, o populacho lisboeta investiu contra eles, matando mais de dois mil deles, entre homens, mulheres e crianças.
Fonte:
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